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16JAN
2019

Permacultura, o sistema de cultivo ecologicamente viável

 Criada nos anos 1970, a permacultura propõe aliar conhecimentos ancestrais sobre a terra a saberes científicos e técnicas desenvolvidas para melhorar o manejo da terra. Para isso, é preciso observar os ecossistemas, saber ler a paisagem que os compõem, reconhecer os padrões que se repetem neles e usar os recursos (água, solo, energia) de maneira consciente, buscando o equilíbrio entre ser humano, terra e trabalho.

A permacultura envolve diversos setores da comunidade, pois utiliza conhecimentos em ciências agrárias mas também se vale de conhecimentos populares – engenharias (sanitária, ambiental, civil, mecânica etc.), arquitetura, geografia e ciências humanas, como estudos sociais. A união desses saberes é que torna o modelo da permacultura mais sustentável.

Princípios que norteiam a permacultura

A permacultura faz a partir três pontos principais: cuidar da terra, cuidar das pessoas e cuidar do futuro, que se fundem aos pilares da sustentabilidade: ambiental, social e econômico. A partir deles, foram criados os 12 princípios que regem essa forma de cultivo.

1 - Observar e interagir – É preciso olhar com atenção todo o sistema (solo, clima, fenômenos naturais, comportamento animal) a fim de se encontrar respostas na natureza para problemas na plantação, minimizando o uso de produtos, como herbicidas. Por exemplo, alguns insetos – tidos como pragas – deixariam de atacar determinadas plantas com a simples correção do solo.

2 - Captar e armazenar energia – A cultura permanente é um modo de produção de baixo consumo energético interno, mesmo assim, é preciso encontrar formas de captar energia da natureza reduzir, sempre que possível, o gasto energético, mesmo quando se utilizam energias limpas e renováveis.

3 - Obter rendimento – O sistema deve ser criado de modo a atingir maior rendimento com o mínimo uso de recursos. Para isso, é preciso aumentar a fertilidade do solo, cultivar espécies próprias para o local (alimentos de base); cultivar espécies rústicas; pensar em alternativas para comercialização dos excedentes.

4 - Praticar a autorregulação – Como não há órgãos oficiais de regulamentação da permacultura, é importante realizar manutenções periódicas e realizar avaliações do sistema com a intenção de melhorar os processos produtivos e oferecer mais qualidade de vida às pessoas envolvidas.

5 - Valorizar e utilizar os recursos renováveis – É preciso manter os esforços quanto à melhor maneira de utilizar os recursos naturais, mesmo os renováveis.


6 - Evitar o despercício – Aqui, aplicam-se os passos do consumo consciente (recusar, reduzir, reaproveitar, reparar e reciclar). Reavaliar as necessidades é mais importante do que repensar o descarte.

7 - Partir de padrões para criar diferenças – Pois somente é possível pensar em mudanças ou detalhes quando se domina o básico.

8 - Integrar – Criar espaços e formas de convívio e trabalho em grupos, promovendo a integração social.

9 - Valorizar a diversidade – Isso se aplica tanto à diversidade de plantas e animais quanto à diversidade humana. As comunidades de permacultura devem aceitar e valorizar as diferenças.

10 - Usar toda a área, valorizar os limites – As zonas-limite entre os biomas são pontos com grande diversidade, solos ricos e com maior número de espécies. Pensar em maneiras de utilizar as bordas e fronteiras dos terrenos é uma maneira de utilizar melhor os recursos.

11 - Valorizar soluções pequenas – Ao contrário do imediatismo esperado pela produção agrícola em escala industrial, na permacultura valorizam-se pequenas soluções, que agem respeitanto os ciclos da terra e trazem melhores resultados em longo prazo, pois não provocam esgotamento do solo.

12 - Ser criativo para responder às mudanças – Mesmo com um planejamento detalhado, do dia a dia, algumas operações fogem do controle. Nessas situações, é preciso usar a criatividade para pensar em soluções. Não há permacultura sem flexibilidade.

Permacultura propõe uma forma mais consciente de cultivar alimentos — Foto: Pexels Permacultura propõe uma forma mais consciente de cultivar alimentos — Foto: Pexels
Permacultura propõe uma forma mais consciente de cultivar alimentos — Foto: Pexels


Algumas práticas da permacultura

Banheiro seco

Por não utilizar água, a sanitização dos dejetos é feita por compostagem. Os tratamento é feito para que os dejetos possam ser usados como fertizilantes em alguns tipos de culturas.

Horta em forma de mandala

Utiliza o princípio de utilização das bordas, permitindo diversificar as culturas, de maneira mais harmoniosa, num espaço menor de terreno, maximizando o uso de água e criando microlimas num único canteiro.

Canteiro redondo (espiral)

Esse modelo de canteiro em espiral melhora a produtividade e facilita os cuidados diários de irrigação e proteção contra pragas, permitindo a economia de energia e água, além de ser mais barato de se instalar que um canteiro convencional.

Minhocário

Geralmente mantido pela compostagem de alimentos, o minhocário tem papel de reduzir o lixo orgânico (consumido pelas minhocas) e enriquecer a terra com o húmus.

Além dos princípios que orientam a produção agrícola da permacultura, o conceito engloba, ainda, a construção de habitações, para que cada local – que pode ser uma fazenda, uma ecovila ou outra comunidade – se torne autossustentável, atendendo às necessidades básicas do ser humano, de habitação, de alimentação, de água, de conforto e de convívio social.

Um dos diferenciais do design da permacultura (como são chamados os projetos de ocupação baseados nesse conceito) é que podem ser reproduzidos em qualquer escala, podendo ser aplicado por uma família ou por uma cidade inteira, sendo, assim, uma solução sustentável ao crescimento desordenado, principalmente de áreas periféricas dos grandes centros urbanos.

Fonte: G1

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