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13NOV
2023

Servidor da Sema faz trabalho voluntário de conscientização sobre o espectro autista

Servidor da Sema faz trabalho voluntário de conscientização sobre o espectro autista

Na trajetória do servidor da SEMA, Alexandre Soledade, a busca por uma sociedade melhor transcende o trabalho no âmbito do meio ambiente. O servidor público, administrador, educador físico, fisioterapeuta é também pai atípico de dois filhos diagnosticados com autismo. A jornada dele não se restringe ao âmbito familiar, mas se expande para uma missão maior de conscientização e informação. 
 
Mestrando da Universidade Federal de Mato Grosso, pesquisador da área de políticas e gestão em saúde, Alexandre assumiu o papel de ativista, dando vida à página "Meu Mundo Autista" no Facebook e a um grupo privado com milhares de membros. 
 
Consciente da necessidade de atingir um público mais amplo, Alexandre expandiu sua presença para plataformas como Instagram, TikTok e YouTube, transformando-se em uma fonte valiosa de conteúdo gratuito para pais, professores e profissionais de saúde.
 
A comunidade entende que a promoção e a sensibilização devem continuar para a superação de desafios e tabus da condição neurobiológica do autismo. Destaca a falta de compreensão generalizada e a necessidade de adaptações sociais para incluir plenamente as pessoas autistas.
 
Além disso, sua incansável busca por conscientização se estende a quatro eBooks gratuitos, contribuições para cinco publicações em livros especializados e um novo livro em fase de editoração. Enquanto prossegue com seu mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso, Alexandre concentra-se em políticas e gestão em saúde, explorando o acesso de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, incluindo a retenção no serviço público.
 
O servidor público que é fundador do “Meu Mundo Autista”, traz consigo que as pessoas estão muito acostumadas à atribuição de nomes para diversas patologias associadas ao comportamento. Citou alguns exemplos, como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e a Dislexia. Para ele, este é um dos desafios encontrados para a sensibilização e inclusão.
 
Para muitos envolvidos nesse trabalho, a conscientização sobre o autismo representa mais do que simplesmente disseminar informações. É uma oportunidade de eliminar estigmas, promover a aceitação e construir uma sociedade mais diversificada. "A Geração Y, conhecidos como os Nativos Digitais, são nascidos entre os anos 1980 e 2000, sendo uma turma que está mais preparada para lidar com a diversidade, a novidade e a flexibilização de arquétipos conservadores.”
 
Ele destaca que os millennials são os que menos se prendem aos preconceitos que as outras gerações antigas possuem e isso se ocorreu a partir das políticas sociais e de saúde pública que acarretaram na transformação sociológica em favor do respeito à diversidade.
 
O servidor, além da defesa do autismo e de outras condições do neurodesenvolvimento, busca por meio da pesquisa, a sensibilização quanto aos impactos do diagnóstico sobre as ofertas de emprego a pessoas com deficiência, bem como na dificuldade de acesso às políticas de saúde, em especial aos adultos, algo que vá além dos modelos existentes (oficinas protegidas e o emprego apoiado).
 
A Comunidade Meu Mundo Austista está presente no Instagram @meumundoautista, TikTok meumundoautistamt, Youtube @‌meumundoautista-alexandres2567 e agora com a versão Podcast no Spotify Meu Mundo Autista.
 
O que esse trabalho de conscientização representa pra você?
Antes mesmo de as pessoas iniciarem a conversa sobre desenvolvimento sustentável, já se preocupavam com a inclusão de pessoas no meio em que elas vivem. É muito importante que as empresas entendam sobre a sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa (ESG). Como a gente se prepara para a conscientização de inclusão de pessoas? As pessoas que são diferentes e pertencem a segmentos que são vulneráveis como os idosos, deficientes, mulheres, LGBTQIA+, são as que mais sofrem. No campo da conscientização, acredito que é importante levar o trabalho da informação subjetiva ao diagnóstico, a subjetividade de ter um filho ou um amigo e lidar com a atipicidade de maneira cotidiana é o trabalho de sensibilizar a coletividade e deve ser contínuo e valorizado.
 
Quais os principais desafios têm enfrentado nos últimos anos?
São três exemplos de desafios. O estigma público está relacionado ao julgamento social. Ocorre quando um familiar, amigo ou colega de trabalho fazem comentários maldosos da pessoa autista. Além disso, o autista lida com o autoestigma, após pressão de diversos setores. Eles desenvolvem uma resposta se auto-julgando incapaz. Outro exemplo de desafio para que possamos refletir é a patologização do autismo. Vemos como um grande problema porque as pessoas estão acostumadas a associar como mais uma terminologia da medicina ou invenção social, como se fosse algo sem importância.
 
Houve mudanças sociais positivas? Quais apontaria como relevantes?
A Geração Y, conhecidos como nativos digitais, são nascidos entre os anos 1980 e 2000, sendo uma turma que está mais preparada para lidar com a diversidade, a novidade e a flexibilização de arquétipos conservadores.
 
Se pudesse escolher um tópico, o que gostaria que as pessoas entendessem sobre o autismo? Por quê?
É preciso entender que o autismo não é uma doença, mas uma condição do neurodesenvolvimento. Assim é descrito o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5-TR. Em algum momento da formação desta pessoa, as conexões de neurotransmissor foram feitas de forma atípica. O que muda para o autista é somente a forma de se relacionar com as outras pessoas socialmente. Existem pessoas que têm um grau de acometimento maior, assim como tem pessoas que conseguem lidar sem o suporte. Mas independente do grau, é importante que haja o acompanhamento de terapeuta.
 
Diga algo que acredite ser relevante e que eu não tenha perguntado.
É preciso que as políticas públicas sobre o autismo avancem. Isso é importante para eliminar o estigma público, inclusive o de aproximação, estigma este depositado sobre os próprios pais, que são os primeiros a defender e buscar os direitos dos filhos. O mercado de trabalho, o ambiente escolar, os operadores do direito e os operadores da saúde também tratam os pais de forma hostilizada, criando estereótipos da pessoa que acompanha o autista. Acredito que devemos ressaltar a capacidade da autorrepresentação para que a sociedade não desqualifique mais o lugar de fala das pessoas autistas. Caso o trabalho de inclusão seja bem realizado haverá mais benefícios para a sociedade e, consequentemente, o teremos um olhar mais humanizado para as diferenças. 
 
 

Fonte: Assessoria de Comunicação Sintema

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